Euro 2012: Guia das Equipas - Rep. Checa

O percurso até ao Euro 2012

A sorte sorriu à República Checa, tanto no sorteio para o campeonato principal como no trajecto que conseguiram trilhar ao longo do apuramento. Os checos perderam a partida de apuramento inicial em casa contra a Lituânia mas, após um par de derrotas contra a Espanha e uma grande dose de sorte, lá conseguiram chegar aos "play offs" com apenas 13 pontos. Caso não tivessem conseguido marcar um ridículo penalti de última hora contra a Escócia em Hampden Park, seria a equipa de Craig Levein que teria de derrotar o Montenegro por um lugar no Euro 2012. Para ser sincero, o mais certo é que a equipa de Michal Bilek tenha tantas hipóteses de chegar à glória este verão como as da equipa de Levein. Actualmente, estão a ser negociados a 100.099/1 para vencer o Euro 2012, mas nem num milhão de anos conseguiriam.

O seleccionador

Um dos problemas que qualquer seleccionador da equipa checa tem de enfrentar é tentar estar à altura das constantes comparações com a equipa que chegou à final do Euro 96 e com a versão mais madura dessa equipa que chegou às meias-finais no Euro 2004. Lá porque o plantel de 2012 de Michal Bilek não inclui uma série de Nedveds e Smicers, isso não faz dele um mau treinador. Ocupa este cargo desde finais de 2009, depois de ser adjunto do treinador anterior, Ivan Hasek, e apesar de não ter vencido qualquer um dos quatro primeiros jogos pelos quais foi responsável, a verdade é que tem feito um trabalho decente em circunstâncias difíceis. Bilek foi um bom jogador, tendo marcado 11 golos em 35 aparições pelo seu país e uma das maiores ironias do desafio checo para o Euro 2012 é o facto de ser exactamente o tipo de jogador que faz falta à equipa dele.

A estrela

O facto de termos de nos esforçar tanto para encontrarmos uma estrela que se destaque na República Checa só mostra o quão difícil é a tarefa desta equipa neste Euro 2012. A forma de Tomas Rosicky no final da época do Arsenal faria dele essa estrela, mas estou convencido de que está muito longe do jogador que costumava ser. Escolheria mais rapidamente um dos jovens jogadores do Plzen que, pelo menos, conseguiram injectar um pouco do tão procurado ritmo na equipa de Bilek. Daniel Kolar e Milan Petrzela estão ambos com vinte e tais anos e estão também ambos no início das suas carreiras internacionais, mas creio que se portaram especialmente bem na campanha para a Liga dos Campeões do Plzen e, se Bilek for suficientemente corajoso, terão ambos um começo em grande. Vladimir Darida é outro médio do Plzen que se estreou e que pode vir a destacar-se. Kolar é uma ameaça em termos de golos a partir do meio do campo e é uma aposta justa no sentido de acabar como o principal marcador da República Checa, ao passo que o Petrzela irá marcar, possivelmente contra a Polónia, cujo sistema se adequa ao tipo de corridas que gosta de fazer. Marcou na final da Taça há alguns anos e é possível que consiga um outro golo fantástico aqui.

O rochedo

Petr Cech foi a definição perfeita de um rochedo na segunda metade da época lunática do Chelsea. Como se não bastasse ter feito a defesa do século na final da Taça FA, manteve a sua trajectória e defendeu grandes penalidades na final da Liga dos Campeões. Só Didier Drogba poderia ser descrito como tendo tido uma mão mais decisiva no decurso da época do Chelsea. Tudo isto significa que Cech recuperou dos erros que se tinham começado a infiltrar no seu jogo e levado algumas pessoas a questionarem o seu futuro ao nível do topo. Voltou a ser um dos melhores e os únicos guarda-redes que vejo regularmente e aos quais dou tamanho destaque são Joe Hart, Gigi Buffon e Marc Andre Ter Stegen. Odeio a expressão "de nível mundial", mas Cech terá de ter algumas jogadas de nível mundial se a sua equipa desejar chegar a algum lado no Euro 2012.

O jovem

Lembro-me de ver Pekhart no Campeonato do Mundo dos Sub-20 há cinco anos e de ter ficado verdadeiramente impressionado. Assim, não foi grande surpresa quando o Tottenham Hotspur decidiu arriscar nele. Contudo, não estava verdadeiramente preparado para a Premier League e, em vez disso, passou para a Alemanha. Uma vista de olhos pelas estatísticas deste jogador não me impressiona por aí além, mas o que ele fez pelo Nurnberg e o que será importante nesta equipa checa, foi correr esforçadamente, cobrir os canais e aproveitar as ocasiões quando aparecem. Dependendo da forma como Bilek preparar a equipa, este tipo de jogador poderá ser vital. Prevejo que o imaturo e sempre frustrante Milan Baros jogue, mas Pekhart, de 22 anos, e um outro jovem, Tomas Necid, desempenharão papéis importantes, pelo menos como suplentes e, possivelmente, como principiantes. Pekhart nunca conseguirá equiparar os seus feitos nos Sub-21, quando marcou 17 golos em 26 presenças, mas terá um papel importante a desempenhar se os checos quiserem progredir.

A aposta para o torneio

A melhor hipótese de a República Checa ganhar um grande título não surgiu em Wembley, em 1996, mas oito anos mais tarde, em Portugal quando, globalmente, jogou melhor do que a Grécia na meia final, mas acabou por perder a compostura e não conseguir marcar. Foram os checos, mais do que quaisquer outros, que deixaram perder esse título. Esta equipa inclui alguns dos jogadores desse grupo específico mas, actualmente, estão longe do seu melhor e não é difícil argumentar que a República Checa poderá ser a pior equipa no Europeu. Tendo isto em mente, o sorteio dá-lhes uma hipótese e, se Petr Cech mantiver a sua recente forma inspirada, imagino que vão mesmo começar a trazer de volta recordações de Peter Schmeichel em 1992. Não consigo vê-los a 4.94/1 para vencerem no seu Grupo e, se fosse obrigado, a melhor aposta seria terminar em último lugar no Grupo A a 3.39/4